terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Guardas da Fronteira: O Cara

Como já faz muito tempo, provavelmente não serei fiel aos detalhes, mas o fato em si e a impressão que ele me causou, está viva em minha memória.
Eu e Marco, já estávamos esperançosos com a indicação do baterista de Paulo: Sandro. Afinal depois das tentativas frustradas era Sandro ou nada. O primeiro dia de ensaio foi marcado. Foi numa tarde de... Lembro que estava muito ansioso por conhecer o batera, e de ouvir nosso som com uma bateria tocada ao vivo. Da vila até a casa de Marco foi uma longa caminhada de sol na moleira e de pensamentos positivos. Após chegar à sede da banda, não demorou, e chegou ele... O cara, o Bocheca, o Sandro Bochecha. Claro que nesse dia ele ainda não atendia por essa alcunha. O cara chegou na maior pressão, com uma camiseta do Rock’n Rio. Fiquei impressionado e um tanto nervoso com aquilo. Imaginei logo “Pô, ele deve tocar muito, tem até uma camisa de rock”. Ele se dirigiu até nós, falou conosco. Até então não havia visto as baquetas. Foi quando, depois de me cumprimentar, e se dirigir até Marco, vi aquele volume na parte de trás da camisa... Pô o cara colocava as baquetas presas no short, por baixo da camisa. Que demais! Na minha imatura concepção de música e de mundo, achei aquilo fantástico. Fui ao êxtase quando vi que o cara tinha o próprio pedal. Na verdade, não era bem um pedaaaaaaal! Era uma geringonça, um Franstein, que ele chamava de pedal. Lembro que era feito com garfo e corrente de bicicleta. Hoje vejo que o velho Bochecha era muito criativo e inteligente. Se não fosse aquele “pedal”, Os Guardas não sairiam do zero. E deu certo. O ensaio foi fantástico, a nossa empolgação foi até onde não mais podia. Foi uma alegria danada. Foi assim que os guardas da Fronteira começaram conquistar o mundo! Na verdade não conquistamos o mundo, mas tocamos em Cachoeira e Mangabeira. E o Bochecha, era o Cara.

Fabio Cruz

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

"Pedrus Flamejante"

Paulo é um divisor de águas para muitas coisas. Foi através dele que conhecemos Sandro, "Sandro Bochecha", como Fábio o chamava, e que se tornou um amigo depois de entrar para os Guardas da Fronteira como baterista. Nesta formação - eu, Fábio e Sandro - passamos toda a história da banda em Muritiba city, algo que durou pouco mais de três anos. E foram anos de ouro, há que se dizer.
Mas ainda na "pré-história", enquanto eu e Fábio caçávamos um "batera" na cidade, evoluíamos tocando nossos violões em bancos de praça, juntando amigos e bebendo algo que na época chamávamos de vinho... (Acredito que só não nos tornamos bons músicos por causa disso!). Paulo, desde então, participava de nossos ciclos de amizade e não por menos era querido e estimado por todos.
As noitadas nos bancos de praça eram longas: ficávamos ali, conversando, contando piadas, ouvindo um som ou fazendo um com os violões. Hoje, eu até entendo porque quando encontro meus amigos ficamos até altas horas, - quando não amanhecemos o dia - conversando; mas naqueles tempos, nos víamos na escola, na rua, íamos às casa de cada um e ainda assim estávamos costumeiramente a ficar nestes esquemas.
E eram vários os esquemas. Lembro que, de certa feita, resolvemos tocar numa noite de Natal (ou Revellon?) em uma praça qualquer e, entediados por sermos os únicos a estarmos lá, decidimos ir para a casa do Pedro prepararmos uma bebida para nos aquecer no frio Muritibano. Não tínhamos dinheiro de modo que , seja lá o que fôssemos fazer, teria de ser na base da "reciclagem" e "reaproveitamento".
Na casa de Pedro, pegamos umas sobras de vodkas, whysky, conhaque, colocamos tudo no liquidificador, misturamos mais umas frutas, açúcar e acho que até leite foi no caneco! Estava feito: uma coisa que batizamos de "Pedrus Flamejante" em referência ao "Homer Flamejante" do episódio "Flaming Moe´s", do desenho "The Simpsons".
Ao contrário do desenho, porém, o "Pedrus Flamejante" tinha gosto de tinta... de tecido! Não servia como tinta, é certo, pois ainda guardava um forte cheiro de suco de manga. Mas não conseguimos beber e chegamos a encher um pet de dois litros para "garantir" a noitada. Ao voltarmos para a praça, no entanto, encontramos um dos "bêbados de rotina" da cidade. Pensando em dar um bom destino à nossa iguaria, doamos todo o seu conteúdo, com a garrafa e tudo, para o necessitado rapaz, que o aceitou de muito bongrado e o levou seguindo o caminho que já fazia. Só lembro que, no dia seguinte, o Paulo disse que viu o cara todo "arrebentado" (machucado) em uma das ruas da cidade. Ficamos sem saber que outra propriedade do "Pedrus Flamejante" não descobrimos...

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Farofa dormida ou dormir com a farofa? (Parte II)

Pois é...momentos ímpares como esses são perfeitos para lembrar do que aprontávamos!!! A farra foi regada por uma bebida famosa na época, conhecida como 'Ligante', perfeita para o evento: baratíssima e com um efeito devastador! Fazíamos a 'velha vaquinha' e comprávamos algumas garrafas. A noite já ía longe quando o efeito do 'Ligante' já tinha deixado todo mundo 'ligado'. Só que todo mundo ficou 'ligado' junto e nosso companheiro Paulo sumiu. Quando demos 'fé' do sumiço, nos mobilizamos e cada um foi para uma direção em busca de Paulo, principalmente porque foi cogitada a possibilidade dele ter ido em direção ao mar e se afogar, diante do estado em que se encontrava. O dia amanheceu e ficamos desesperados por não termos nenhuma pista do nosso companheiro. Cansados, fomos em direção ao local onde estávamos acampados (o único em que não pensamos em procurar) e, para surpresa/ira de todos, Paulo dormia tranquilamente. A sensação de alívio se misturou com o estilo da galera de resolver tudo com uma brincadeira, e resolvemos nos 'vingar' (no bom sentido), pregando uma 'peça' nele. Achamos uma cobra morta no fundo da barraca e o 'sensível' Pedro teve uma idéia brilhante: pintaríamos Paulo, com creme dental, como se fosse um dos componentes da Timbalada, (a sensaçãomusical na época) e colocaríamos a cobra morta no peito dele. Feito isso, o acordamos gritando que tinha uma cobra em cima dele, e quando viu, saiu correndo da barraca em direção à praia, que já estava cheia de gente, se batendo e gritando SOCORRO, SOCORRO!!! O detalhe é que ele estava interessado numa menina que tinha acampado do lado da gente, que quando viu a cena, as esperanças de uma possível aproximação caíram por terra. POis é...e tudo sempre se resolvia!
Cristiano

terça-feira, 9 de novembro de 2010

"coisas" de Fábio...

Local: Clube Arlindão ( Muritiba city)
Evento: Casamento do nosso amigo Weeeeeetoooooo
Como não poderia ser diferente sentamos na mesma mesa. Todos bem comportados (é claro).
Até nosso héroi começar a comer o enfeite da mesa. E ainda nem estava bêbado!

Lá pras tantas e muitas cervas, o povo embriagado e “mal educado” começava ir embora. Nós da área vip; amigos de weeetooo; Educadíssimos, por sinal, ficamos solidários a ele a varias cervas que ficaram sozinhas ao relento. Ao invés de uma cerveja colocada na mesa (como no inicio da festa) agora eram duas, três ou até mais; O garçom ( ou garçonete,não me lembro que espécie era aquela) nem esperava a gente pedir, pois dirigia-se a nossa mesa e largava mais uma cerva; E mesmo com a mesa cheia de garrafa e copos transbordando dizíamos gulosos e felizes pode trazer mais uma!!!!
Até a cerveja rejeitada de outras mesas vizinhas aceitávamos...
Evidente, pessoas conscientes que somos, devido à falta de água no mundo não poderíamos desperdiçar nada; Principalmente uma água tão preciosa como aquela!
Mas, conversas a parte, muita loucura e idas ao banheiro para amenizar a situação da bexiga! O nosso herói que comeu o enfeite no inicio da festa resolve ir ao banheiro. Alguns minutos depois o doido volta rindo a toa.
-O que aconteceu? Perguntamos
- Galera vocês não vão acreditar...- diz ele mostrando na mão nada mais, nada menos do que a maçaneta do banheiro.
O mesmo disse que ao atravessar a porta do banheiro a manga da blusa prendeu na maçaneta e a mesma saiu da porta. Das duas, uma!: Ou a maçaneta estava quebrada ou a blusa dele era muito boa!
O interessante é que qualquer pessoa normal tentaria colocar a maçaneta no lugar ou deixaria ela por lá.
Mas, nosso herói não era qualquer pessoa... Era nada mais, nada menos Fábio Cruz - vulgo "cara de jaca".

por : Gil

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Weeeeeeeeeetooooooooooo

Noite de Festa do Bonfim em Muritiba city. Lá estava eu bebendo uma cerva pra variar. Mas que derepente surgi duas figuras inusitadas. O primeiro era Cristiano que depois de algum tempo virou um grande amigo e parceiro de come –fogo ( costumávamos beber uma garrafa de vinho ou licor em um bate papo sobre as coisas da vida.). E o outro era Paulinho que a cada minuto... digo segundos gritava pelo irmão( outro brother , que em breve temos que falar sobre esta figura).Weeeeeeeeeetooooooooo , ou coisa parecida. Se eu estava bêbado, Cristiano embriagado ele estava trêbado. Quase caindo, não falando coisa com coisa e todos nós riamos muito. Era só perguntar cadê Weliton e Paulinho berrava aos quatro ventos: Weeeeeeeeeeeeeeetoooooooooooo.
E assim foi a noite toda em meio a muitas latinhas dávamos o grito de guerra (“pra comer água”): Weeeeeeeeeeeeeeetoooooooooooo.
Bebemos e bebemos muito... No dia seguinte ao que eu me lembre ele (Paulinho) estava quase morto;Mas pronto para começar novamente a beber e assim ficou marcada a noite de Weeeeeeeeeeeeeeeetoooooooooooo
por: Gil

Guardas da fronteira: begins

A origem dos "Guardas da fronteira" tem uma pré-história. Na verdade, a minha geração e na cidade onde morava - Muritiba city - já era algo comum todo adolescente se aventurar em uma banda e, como estávamos na Bahia, os estilos mais diversos surgiam. Não é a tôa que antes mesmo de iniciarmos a saga "guardo-fronteiriça" que Fábio e eu havíamos realizado uma verdadeira perigrinação entre os músicos que, como nós, tentavam começar alguma coisa.
Assim como os Titãs - deuses pré-mitológicos Gregos - figuras que jamais soubemos os nomes verdadeiros entraram em nossos ciclos de amizade: Zeinho, Júlio (do Sítio em contraposição ao Júlio "Negão"), Jáu, Henrique, Ziel e Thór, sendo este último o principal ponto de intersecção entre esses dois universos que hora se uniam: o do Rock ´n Roll e o daquelas músicas locais (samba, axé, pagode). "Se uniam" é jeito de dizer, pois na verdade o acerto foi o seguinte: tínhamos uma garagem e eles os equipamentos; estávamos sem os equipamentos e eles sem um local de ensaio. E foi assim que começamos.
Na fase da perigrinação, contudo, circulamos muito, muito mesmo pela cidade, entrando em bandas das mais diversas, todas principiando, ou nós fazendo propostas a pessoas que nos eram apresentadas. Claro, sempre bandas de Rock, mas com músicos não tão roqueiros assim, pois os verdadeiros, de gerações anteriores, como o Eduardo, Cesinha, meu irmão Cristiano, Sandrinho, dentre outros, estavam fora do páreo, seja por já estarem encaixados, seja porque (agora entendo) éramos pirralhos...
Em uma dessas tentativas, conhecemos o Henrique, baterista. Bem, ele se apresentou como sendo e até deu para nos enganar quando na casa do Anderson, um grande amigo de infância e com o qual tentamos também fazer uma banda com ele nos teclados, ele - o Henrique - sentou numa e, digamos, "marcou o compasso". Naquela altura e com a decisão acerca do Fábio Luís, resolvemos chamá-lo para ser um "Guarda da fronteira".
Posto e feito, passamos a ensaiar em sua casa, num bairro distante do centro da cidade chamado "Paraguai", meio que como uma ironia do destino: o nome da banda passou a ser associado ao fato de estarmos lá, "na fronteira". Mas isso foi só mais uma tentativa, talvez a primeira somente comigo, com Fábio e mais alguém. Logo percebemos que Henrique não daria p´ro trampo quando tentamos, junto com ele, tocar uma música que na época já considerávamos fácil e levamos dois ensaios para isso... sem conseguir. Depois dele, o mesmo destino nos levou a Sandro. Aí sim entramos no "Anno Domini guardo-fronteiriço". O que ficou desse período, realmente, foi o quanto obstinados fomos e a figura de nosso primeiro "baterista", o Henrique, que apesar de ter o instrumento, assim como o Fábio Luís não sabia tocar. Aliás, como os outros, "Henrique" não era seu nome verdadeiro e chegamos até a saber, certa vez, seu nome de batismo. Mas, como toda pré-história, essa informação será sempre uma estimativa.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Guardas da fronteira: a saga começa.

Parte I: Uma sociedade sem batera.

Bem, quem reconhecer esse título como uma música dos Engenheiros do Hawaii, está certo. Inclusive esse não é só o título desta crônica e da música em questão. Era também o nome de minha primeira banda( de rock, é claro) com o velho Marco. Entre os amigos, Marco Doido. Nunca entendi esse apelido; sempre foi um cara tranqüilo, calmo e sensato. Acho que isso era coisa de Mémé... o velho Alex da outra crônica. Não sei bem ao certo, mas transcorria o ano de 1995 ou 1996. Eu e Marco corríamos de baixo para cima as ruas de Muritiba City à procura de um baterista para nossa banda. A coisa não era fácil. Cidade de interior, da Bahia, encontrar um baterista de rock que tivesse bateria e curtisse o som que gostávamos... era pau viola. Depois de tanto procurar e esquentar a cuca, fomos encontrar um cara que sempre fora nosso colega de escola: o Fábio Luís. Grande sujeito. Além de colega e amigo, tinha o cabelo grande e curtia Engenheiros do Hawaii. Lembrava o Humberto Gessinger. Currículo fechado. Só tinha um problema: ele não sabia tocar bateria, nem tinha o instrumento. Pô, mas o cara tinha discos (bolachões, os antigos LP’s) dos Engenheiros! Ficamos radiantes e contentes quando ele aceitou e disse que estava pra comprar uma batera. A banda ia sair. Ainda faltava uma guitarra pra mim e um contrabaixo para Marco. Mas isso era um detalhe, o mais complicado estava certo: o batera. Passaram-se alguns dias. As cordas estavam garantidas. Íamos conseguir uns instrumentos emprestados. Mas o Fábio, ainda nada com a batera. Passaram-se mais outros dias e nada. Outros tantos de dias e nada. Até que vimos que essa batera e o batera na verdade não estavam tão certos como imaginávamos. Conversamos com Fábio e ele disse que não ia dar. Tranqüilo, o cara era nosso amigo. Só perdemos um tempo precioso em cima de um instrumentista, ou pelo menos de um futuro instrumentista. Voltávamos à estaca zero. Novamente faltava um baterista. Mas não saímos no zero a zero. Já era experiência para nossa vida de músico. Além disso, comprei O Papa é pop, dos Engenheiros do Hawaii, na mão de Fábio. Um tanto arranhado e pulando. Mas era dos Engenheiros do Hawaii!


Fabio Cruz