domingo, 31 de outubro de 2010

Velho amigo isopôr!


Salinas das margridas era o nosso destino. Eramos em número de seis: eu, Pedro, Marco, Cristiano, Gil e o nosso convidado mais ilustre, o isopôr. Depois de alguns anos de correria e distancimento, estávamos reunidos de novo; só faltava um amigo, que por motivos divinos, não estava conosco, o Paulo. Inclusive, por este motivo especial, o encontro foi batizado de "Todo mundo menos Paulo". Era uma homenagem... não, era pra sacanear mesmo. Fato é que depois de tantas idas e vindas, estávamos nós reunidos novamente, graças ao nosso grande amigo isopôr. Sujeito único esse. Toda a atenção e carinho foram direcionados a ele. Afinal era um sujeito especial: tranquilo, cuca fria, era a alegria da galera; não era de falar, mas tinha muito conteúdo. Inclusive um conteúdo que muito nos intressava. Para onde iamos, ele estava lá conosco. Ele chamava a atenção, era um sujeito diferente. Meio quadradão, mas estava em todos os reggaes que programávamos. Depois de alguns dias de muita curtição, ele ficou um pouco esgotado. Também pudera, extraimos tudo que podiamos dele... a cerveja era sempre por conta dele, e não nos cobrava nada. Sujeito camarada! Depois de alguns dia,s resolvemos voltar pra casa, e ele lá conosco. Percebemos que ele estava muito quieto, sem interagir conosco. Parecia um tanto... não sei como dizer... parecia que um vazio o ocupava. Mas nada que uma cervejinha não resolvesse. Dito e certo. O sujeito botou todas pra dentro. Em questão de minutos já era o mesmo de antes. Caladão, mas ali conosco regando nossa viajem e nosso papo de alegria. Foram únicas aquelas férias. Boas lembranças. Há algum tempo que não nos vemos nem sabemos dele. Mas aguardamos o dia em que ele entre em contato e alegre nossas férias novamente. Isopôr? Cadê você, cara?


Fabio Cruz

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Nada traumático

Não sei quando começou... Ou se começou! O lance é que não terminou e é fato que ao se ter uma vida profundamente marcada pelas amizades, situar-se no tempo em relação aos eventos, às experiências que fazem de você o que você é hoje, é um exercício difícil, seja pela riqueza de detalhes, seja por que em nada foi traumático. Muito pelo contrário: mesmo com as brigas e desavenças - que não foram poucas - tudo o que guardo de meus amigos é a excelência naquilo que são.

Bem, ninguém é perfeito... E quando falo de excelência no que são, falo de coisas únicas, ímpares que foram capazes de promover e que por vezes me tomo em gargalhadas no almoço, em ambientes de trabalho, conversando com outras pessoas ao lembrá-las. Recentemente, por exemplo, gargalhei ao receber, por uma rede social, um convite para participar da lista de amigos do Jorge. Jorginho era como o chamávamos na infância. Mas isso foi até ele conhecer Alex, que dizíamos "estar no corpo do diabo" de tão levado que era, e já era conhecido pelo codinome "Amebão".

Eram tempos de ginásio (acho que por volta do ano de 1991), sendo muito comum nos encontrarmos no recreio para papear enquanto 99% do colégio jogava futebol. Amebão, mais tarde abreviado para "Memé", que era de uma série mais adiantada, conversava comigo quando Jorginho apareceu e começou a fazer aquilo que na época nos chamávamos de "zoar" (hoje, é bullying). Claro, em 1991 as coisas ainda se resolviam no recreio e tudo só passava dos limites quando se chegava à coordenação (coordenação, não é direção!). E acidentes graves aconteciam, mesmo sem armas de fogo.

Nessa de ficar "zoando", Memé não se intimidou: pedia insistentemente para Jorginho parar e fez ameaças. Não pela sua "santa vontade", mas porque "não levava desaforo para casa". Até que numa brincadeira e atitude sem noção, Jorginho pega uma pedra e, com um riso debochado no rosto, faz com que fosse atirar em Memé. Nesse instante, Memé, que se encontrava de pé atrás de um dos caibros da cerca que rodeava a árvore sob a qual estávamos, diz: "se essa pedra pegar em mim, você verá". Foi "a deixa": Jorginho atirou a pedra, mas de modo que atingisse o caibro, pois sabia (quero crer nisso) das consequências de ser atingido por uma. Memé, entretanto, sem brincar (e com muito menos noção), ao ver Jorginho correr, abaixou-se, recolheu a mesma pedra atirada e a arremessou numa elípse de perfeito cálculo vetorial, atingindo a cabeça do Jorginho cerca de vinte metros de seu local, que caiu ensanguentado. Jorginho, ao se levantar, continuou a correr, dessa vez para a coordenação, onde já se encontra va Memé, que teria ido caminhando calmamente e se apresentado como autor do fato antes mesmo da vítima e prova material terem chegado.

A partir de então, Jorginho passou a ser conhecido como Pedrada, apelido que (sim, eu vi!) foi dado pelo próprio Mémé quando juntos participaram de caminhadas nas trilhas e montanhas de Muri City... É... algo único, ímpar e nada traumático.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Estranha visão...



Na antiga e sombria Pça Getulio Vargas ( Muritiba City) ao passar meio que despercebido, diante de tantos grupos sentados em bancos quebrados e uma poeira que cobria os pés do mais embriagado cidadão a mais patricinha ( bêbeda) visualizei um grupo exótico.
Um grupo normal se não fosse pelas roupas pretas, visual nada aceitável naquela época: cabelos longos, roupas com figuras bizarras e atitudes meio loucas. Gritos, euforia, gargalhadas ao som de um micro system ( naquela época o que havia de mais moderno de som transportável). No micro rolava uma espécie de som ainda desconhecido para mim, mas cativava o meu interesse em descobrir coisas fora do normal; O que dava para ouvir realmente era a pornografia, o restante da letra quase não ouvia.
Para outros irônicos, moleques, loucos, inconseqüentes. Para mim inusitado, curioso.
Que galera era aquela, que zorra eles pensavam? Será que tinham algo na mente?
Na minha pequena rebeldia dentro da própria casa ao ouvir a antiga e velha transamérica que tocava rock’roll e musicas eletrônicas. Conhecia vinis de legião urbana, Gabriel o pensador, Caetano quando ainda em suas letras entoava “o cú do mundo” e por vezes ouvindo sons meio que fora de conceitos de mídia ou televisionadas. Percebi que que não estava tão distante daquela loucura ou ideologia.
Aos poucos fui conhecendo aquele grupo- acredito que não por mera coincidência- pois, em meio a grupos de pagodeiros, patricinhas e drogados foi aonde me encontrei no momento em que procurava me enquadrar dentro da sociedade. Entrei no grupo errado? ( rsrsrs) Sei lá...! Mas não me arrependo!
E quanto aos pagodeiros e patricinhas e drogados não houve nenhum deles que não se rendesse as nossas loucuras.

Estranha visão... Em pouco tempo estava entre eles vivendo uma ideologia chamada rock' roll e ouvindo a melhor coisa do mundo: o 1º cd dos RAIMUNDOS- Exagero? Talvez, mas era o que eu pensava!

Por : Gil

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Crônicas do Cobra I

Não recordo bem como começou o apelido dele. Mas acredito que foi por causa de um incidente que ocorreu há muito anos atrás, quando ainda éramos adolescentes. Fato é que o sujeito citado leva a alcunha de um dos animais mais temidos; até na bíblia é citado: cobra. Começou o apelido como Gil cobrinha; com o tempo ele cresceu e virou Gil Cobra, hoje é mais comum o chamarmos simplesmente de Cobra. É um sujeito amigo, boa praça, super inteligente, espirituoso e de uma espiritualidade invejável. Isso hoje, porque no passado, era o maior manguaceiro. Eternizou uma frase que marcou nossa época: “quer comer come em casa, eu vim aqui pra beber”. E ele levava isso a ferro e fogo. Certa feita, no palco do rock, evento que ocorre na cidade de Salvador, durante o carnaval, louco para assitir uma banda da qual era muito fã, ele começou a tomar umas biritas de tanta alegria e felicidade. Sim, era a Imago Mortis, bando do Rio. O sujeito tomou todas e tantas que antes da banda começar a tocar estava escornado no chão, vomitando e vomitado... parecia um morador de rua. Detalhe que eu e os amigos que nos encontrávamos com ele estávamos preocupados , tanto que nem observamos direito a banda tocar. Depois de mais ou menos uma hora passada do show da, nos organizávamos para ir embora, quando ele , o Cobra,com a sanidade recuperada , nos olha fixamente e diz que ainda vai ter o show da Imago Mortis. Eta cachaça! E depois disso, pensa que ele foi descansar? Ainda teve mais birita. O sujeito é “dos bão”. Mata a cobra e mostra o pau... epa, matar a cobra não. Afinal ela é o ícone do nosso amigo.


Fabio Cruz

sábado, 9 de outubro de 2010

Farofa dormida ou dormir com a farofa?


Aquele acampamento foi massa demais. Não lembro o ano. Mas lembro da alegria e da nossa euforia. Parecia que estávamos libertos... na verdade estávamos. Longe de nossas famílias, só curtição e cachaça. Éramos eu, Cristiano, Pedro, Marcos Porcão, Paulo e Júlio. As histórias foram muitas e inesquecíveis. Juntas dariam um livro. Se contadas por cada um de nós, daria um bíblia. a bíblia da cachaça e da curtição. Num período de mais ou menos uma semana fizemos o que podíamos e não podíamos. Nos embriagamos, dançamos "achezão" na praça, foi gente pedindo murro na cara p dormir, outro com a língua partida, macarrão com molho de areia da praia, carteira perdida... Foi uma zona. Numa dessas bebedeiras nossas, Cristiano perdeu a carteira e teve que voltar urgente para casa para resolver umas coisas. Porcão e Paulo também voltaram em poucos dias. Ficamos eu, Pedro e Júlio (Negão). Cristiano como ficou de voltar em uns dias pegou dinheiro com Pedro para voltar para casa. Combinamos de esperar ele. Só que não imaginávamos que o bolso fosse apertar. Ficamos praticamente sem grana. Até pra voltar pra casa foi um sufoco. Mas uma coisa que marcou minha lembrança, foi ver como é que o sujeito se vira na hora da necessidade. Lembro que um dia antes de voltarmos para casa, a grana era quase nenhuma. Então eu, Júlio e Pedro, para fazermos nossa última refeição noturna, compramos um q-suque de laranja e um fiambre de boi. Fizemos um farofada com o fiambre e dois litros de suco com o q-suque(pense na dureza!!!). Deu pra forrar o estômago. Deixamos um pouco para o dia seguinte. Mas a falta de um gás nos forçaria a comer a comida fria. No entanto foi grande minha surpresa quando começamos a comer a farofa que estava protegida por dois grandes pratos plásticos, como numa panela, bem fechados. A farofa estava quente. Pedro nos serviu. Resolvi perguntar:

- Pô, tá quentinha. Como foi que tu fez isso, Pedro?

- Dormi em cima da farofa, de noite!

Pô, sabia que o cara era brutal, mas dormir em cima da farofa... Mas na falta meu amigo, comemos, nos empanturramos. Depois disso, uma coisa nunca me saiu da cabeça: farofa dormida é a mesma coisa de dormir com a farofa?

Fabio Cruz